Vejamos o que diz Timoteo. 1 Tim 2, 5: “Ha um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus, que se deu em resgate por todos.” Agora que conclusões podemos tirar disto? Podemos concluir falsamente que porque nós temos um mediador, logo estamos enfraquecendo o trabalho de Cristo ao pedirmos para os santos intercederem a nosso favor? Não, claro que não. Esqueça o fato de que os santos são cristãos que estão no céu, nós temos ciência do fato de que os cristãos da terra são constantemente chamados de santos no novo testamento. Isto é o que nós somos. Isto é o que nós devemos nos tornar, e se continuarmos em frente e nos mantermos firmes na fé, isto é o que seremos por toda eternidade. Mas somos santos se estivermos em Cristo.
Agora, católicos ou não, se alguém vos pedir para rezar por eles, para interceder por eles `a Deus, vocês sairão por aí dizendo, “Como se atreve a debilitar a única mediação de Jesus Cristo, o único Sumo Sacerdote?” Claro que não. Por que? Porque o que diz Paulo nos primeiros quatro versiculos anteriores a 1 Tim 2, 5? “Eu recomendo, pois antes de tudo, que se façam pedidos, orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens”. Só através de Jesus? Claro que não. Por nós, “pelos reis e todos os que detêm a autoridade, a fim de que levemos uma vida calma e serena, com toda piedade e dignidade. Eis o que é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens.”
Eu costumava citar este texto fora do contexto e usava-o para minar a veneração devida aos santos que está enraizada em duas coisas, pedir-lhes por intercessão e súplica e ser inspirado a seguir o exemplo deles. Nós podemos adicionar uma terceira que é, honrá-los. Nós os glorificamos quando nós os veneramos. E por quê? Porque nós ficamos entediados após dez ou quinze horas honrando a Cristo? Não. É precisamente porque nós honramos a Cristo. É precisamente porque nós imitamos Cristo. Nós imitamos Cristo, então se O vemos honrando aqueles que morreram pela verdade, aqueles que professaram a fé com muito sofrimento, nós fazemos aquilo que Cristo faz e nós glorificamos aqueles que Ele glorifica. Aqueles que Ele bendiz, nós bendizemos.
É bem simples. Só quando inconscientemente reduzimos a fé cristã a um relacionamento individualista – Jesus e eu – é que começa a se tornar uma coisa tipicamente americana auto-centrada. Quero dizer, encaremos, a familia americana não é um grande exemplo de laços fortes de comunicação atualmente. E tem sido assim por séculos. Você sabia que Daniel Boone era um dos piores pais? … Grandes heróis americanos, fortes individualistas, não eram grandes homens de familia. Você devia ouvir o que a mulher de John Adams tem a dizer – uma feminista radical… Ela não estava mais preocupada com o matrimonio e com a familia e o lar e a América. Ela estava preocupada com os direitos do individuo que ela pudesse exercer e que outros pudessem exercer e caso contrário, que eles pudessem conseguir a força. Este é o jeito americano.
Como se costumava dizer no século 18: “Nós servimos a nenhum governante”. Nenhum rei, e reis eram sempre figuras paternas. Eu não estou argumentando a favor de monarquia política e política natural porque o pecado humano é o que é. Mas nós temos uma monarquia sobrenatural, um reino celeste, uma figura paterna distante do pecado que concede sua vida e graça pura aos nossos irmãos e irmãs mais velhos, seus filhos. E este reino é o Reino do Céu. E isto nos inspira de uma forma muito maior a servir a nosso Soberano e a servir ao seu gabinete de ministros e príncipes e princesas que ele nos outorga.
Você percebe como é difícil para os americanos pensarem e agirem deste modo? Quando tudo em nossa cultura segue na direção contrária? A quem nos curvamos em nossa sociedade? Ninguém. E mesmo quando dizemos: “Your Honor” para um juiz ou “Your Excellency” para um arcebispo, parece uma coisa não natural, e nós arrepiamos, não arrepiamos? Não é americano. “Quem você pensa que é?”
Mas o fato é que numa família, não é a pessoa tanto quanto o ofício que nós veneramos e honramos. E é isto que fazemos quando nós veneramos os santos. Nós estamos imitando Cristo que os honra. Por nossa vez, nós queremos imitar os santos no serviço à Cristo.
“We Are Family”, constumava cantar o grupo Sister Sledge muitos anos atrás (final dos anos 70). Nós somos a família de Deus. Nenhum pai vai se sentir traído ou ignorado ou rejeitado quando os irmãos e irmãs se amam e inspiram uns aos outros no sacrifício e serviço corajoso pelo nome da família. É até mesmo bôbo quando se coloca desta forma, mas que outros termos bastariam para o que a Santíssima Trintada, a Família Divina, têem feito por toda a história? É a única forma que faz sentido. É a única que engloba toda a Biblia.É a única razão pela qual Paulo em 1 Tim 2, 5 considera um mediador e ainda diz o que diz em 1 Tim 2, 1-4 “Pois, porque há um só mediador, nós podemos fazer orações, súplicas e pedidos com uma confiança maior, por todos os homens”, até mesmo para os reis e para os ricos e prósperos e para os corruptos. Por que? Porque só há um mediador, o Homem-Deus, Jesus Cristo.
Nós poderíamos enlouquecer fazendo orações como jamais tinhamos feito antes. Por que? Porque só há um mediador. Será que isto significa que que não haja outros intercessores, outros a quem fazer súplicas? Não! Claro que não. Só há um mediador e porque nosso mediador é o mais fabuloso que nós podemos imaginar, nós temos agora a capacidade de interceder como sacerdotes no Sacerdote, como filhos no Filho, como pastores no único Pastor. Nós obtemos vida Dele. “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Longe de Cristo nada posso fazer.” Mas comigo, diz Jesus, você pode tudo. “Para Deus tudo é possivel”
Autor: Scott Hahn
Fonte: Lista “Tradição Católica”
Tradução: Sandra Katkman